domingo, 24 de fevereiro de 2008

A Tragédia das Commons


"As vezes, fazer o que parece bom para você não é bom para você"
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Tente imaginar um cenário rural, com vilarejos cercados de pastos abertos para que as pastores alimentem seus animais. Esse é o "bem-comum" que está disponível a todos, sem distinção. Este pasto tem um tamanho determinado e nele ficam todas as ovelhas de todos os pastores. Em um determinado momento, porém, o pasto está na sua capacidade máxima possível de ovelhas. Existe grama suficiente para manter todas as ovelhas bem alimentadas, mas nem um pouco a mais. Assim, se trouxerem mais ovelhas, haverá menos comida pra cada uma.

Apesar disto, do ponto de vista de cada pastor, é vantajoso aumentar o seu rebanho, pois mais ovelhas significam mais lã, e assim mais renda. Contudo, há uma desvantagem nisso: haverá menos comida para cada ovelha. Mas essa desvantagem acaba parecendo pequena, porque se aplicará a TODAS as ovelhas, inclusive às dos outros pastores. Então, do ponto de vista do pastor, o lucro é grande e a perda é pequena. A tragédia acontece quando todos os pastores pensam (e agem) dessa forma, fazendo com que as pequenas perdas acabem por se transformar num enorme desastre para todos.

O termo " Tragédia das Commons " (Tragedy of the Commons) é de autoria de Garrett Hardin, em um artigo que escreveu em 1968. No artigo, ele fala que os problemas que se enquadram nessa categoria não têm soluções técnicas, mas precisam da mudança das atitudes e do comportamento dos seres humanos para poderem ser resolvidos. O problema é que as pessoas que agem segundo os próprios interesses logo percebem o lucro imediato de suas ações, enquanto que os danos que tais ações contribuem negativamente não são percebidos imediatamente - podem durar décadas para acontecer.

Trazendo para os dias de hoje, seria como uma pessoa que, apesar de saber as consequências de seus atos, continua com atitudes cotidianas que contribuem com o aquecimento global, o aumento do efeito estufa, o desgaste da camada de ozônio, a poluição do meio-ambiente, etc. Todo o desconforto que ela poderá sentir com os efeitos do aquecimento global, por exemplo, desde a elevação das águas oceânicas até as catástrofes que podem ocorrer, podem demorar pra acontecer, e assim, ela não consegue enxergar a relação que existe entre as ações de hoje e suas consequências. Do mesmo modo como o pastor que aumentou o seu rebanho, enquanto o benefício obtido é claro e imediato, a perda é diluída e postergada.

Acho que um dos melhores exemplos para ilustrar a Tragédia das Commons é o que ocorre com os barcos de pesca nos oceanos. Os oceanos não pertencem a ninguém, não são controlados pelos países, e não são propriedade de grandes empresas pesqueiras ou simples pescadores individuais. Eles oferecem o recurso comum de pesca. Os barcos pesqueiros aumentam a cada dia, e também a medida que aumenta a captura total de peixes, diminui a capacidade de restauração das populações de peixes. Com o tempo, consequentemente acaba diminuindo a captura de cada barco, que por pressões financeiras tentam capturar ainda mais peixes, que só fazem aumentar ainda mais o problema da capacidade de restauração das populações de peixes, ou seja, um ciclo destrutivo. Tanto é que muitas espécies de peixes que são usadas para a alimentação humana estão bem próximas da estinção, como o atum e o bacalhau.



2 comentários:

Jader disse...

Muito interessante esse termo, nunca tinha ouvido falar nele.

As comparações que você traz para os dias de hoje, em relação ao aquecimento global fazem todo o sentido. As pessoas só vão começar a mudar os hábitos quando as reações relamente surgirem contra elas. O problema é que tal atitude pode ser tarde demais...

Savron disse...

GABREEL!

Que Brisa (como dizem por aqui)
Muito legal cara, curti!
MTV 40° na veia, hehe ta só aquecendo, hauihaui!

Adios Zózito!